Revolta da Vacina e Revolta da Chibata...Revoltas Urbanas do Início da República Velha. Veja!
A Revolta da Vacina - (Rio de Janeiro, 1904)
Revolta da Vacina |
Em novembro de 1904, o plano de saneamento do Rio de Janeiro que havia sido organizado por Oswaldo Cruz e tinha como foco a obrigatoriedade da vacinação como uma forma de erradicar diversas doenças tropicais, como febre amarela, varíola, malária e peste, sofreram uma grande repressão por parte de uma parcela da sociedade que não concordavam em ter que ser obrigada a receber a dose da vacina. Além de evitar essas doenças, a campanha de vacinação objetivava também trazer uma melhoria de vida no que dizia respeito a higienização da capital da república em sintonia com o modelo de política aplicada, que visava modernizar o espaço urbano da cidade, que tinha como prefeito o senhor Pereira Passos. Como forma de defesa, entre os dias 10 e 16 do mesmo mês, formou-se uma manifestação popular contra o ato que ficaria conhecido como a Revolta da Vacina.
Revolta da Chibata (1910, Rio de Janeiro)
João Cândido |
No início do século 20, a maior parte dos trabalhadores da Marinha brasileira era composta por mulatos e negros, escravos libertos ou filhos de ex-escravos. As condições de trabalho eram precárias: os marinheiros tinham remuneração baixa, recebiam péssima alimentação durante as longas viagens nos navios e, o mais grave, estavam submetidos a punições corporais, caso desobedecessem alguma regra.
Mais de duas décadas após a abolição da escravidão, a prática de castigos físicos ainda era comum na Marinha brasileira. Punições típicas do período colonial haviam sido revogadas com a Proclamação da República, em 1889, e reintroduzidas pelo Decreto 328, de abril de 1890. O rebaixamento de salário, o cativeiro em prisão solitária por um período de três a seis dias, a pão e água, para faltas leves ou reincidentes, e as 25 chibatadas para faltas graves eram penas regulamentadas em plena República.
Esse contexto revoltava centenas de marujos que durante os anos de 1908 e 1909 passaram a se organizar, buscando, sem sucesso, negociar melhorias trabalhistas com o governo. No dia 21 de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes, acusado de embarcar com uma garrafa de cachaça, foi violentamente punido não com 25, mas com 250 chibatadas, na presença de todos os tripulantes.
O castigo exagerado do marujo levou ao início da revolta, no dia 22 de novembro, com a participação de cerca de 2.300 marinheiros que, liderados por João Cândido Felisberto, tomaram o controle dos encouraçados Minas Gerais, São Paulo e do cruzador-ligeiro Bahia (recém-construídos na Inglaterra) e do antigo encouraçado Deodoro. Uma carta reivindicando melhores condições de trabalho e modificações na legislação penal e disciplinar com destaque para a extinção das chibatadas foi enviada ao governo. Com os canhões das embarcações apontados para a cidade do Rio de Janeiro, os marinheiros ameaçavam bombardear a capital do país, caso suas exigências não fossem atendidas.
O governo cedeu às pressões dos marujos e em 27 de novembro de 1910 a chibata foi abolida da Marinha de Guerra brasileira. Oficialmente, a anistia estava garantida aos revoltosos liderados por João Cândido - que a partir desse momento, passou a ser tratado pela imprensa como o "Almirante Negro". No dia seguinte, porém, o presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca assinou o decreto 8.400 que permitia a exclusão da Marinha de qualquer marujo cuja presença fosse julgada inconveniente por seus superiores.
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